Potes de Tatuagem

Pele encrustrada com borracha derretida, carvão e mais sei lá o que em prisioneiros poloneses, entalhados com pedaços de vidro, clips de papel e lâminas de barbear. Extraídos de seus corpos depois de mortos, colocados em vidros de formal numa universidade e fotografados por uma artista. É impossível ficar melhor que isso. Acho que se nada disso apodreceu e virou um câncer, nunca mais preciso me preocupar com os meus dois rabisquinhos esterilizados numa clínica.

O projeto Special Characteristics (Características Especiais) foi apresentado pela primeira vez na Paris Photo em 2010. A série apresenta tatuagens recolhidas pelo Departamento de Medicina Forense da Jagiellonian University, em Kraków, desde 1872. A coleção de fotografias também foi chamada de Criminal Code (Código Criminal) por revelar os tipos de códigos e o senso de humor dos criminosos, mas isso parece um pouco superficial considerando o conteúdo bem pouco nebuloso dessas tatuagens, compostas basicamente de pornografia e ícones religiosos
(exceto pela Marca Negra aí no meio, alguém precisa pesquisar sobre isso).
É legal também que a fotógrafa é uma mulher. Acho tão inspirador achar outras mulheres que lidam com o mórbido e o bizarro. Katarzyna Mirczak nasceu na Polônia em 1980, estudou arqueologia, se especializou no Egito e no Oriente Médio, mas depois acabou se dedicando à fotografia. Todos os seus projetos têm uma carguinha mórbida, desde este mesmo projeto das tatuagens, até diversos ensaios envolvendo vítimas de homicídios. Em uma entrevista para a Tygodnik Powszechny, na edição de 18 de novembro, ela afirma que “fotografia nunca é objetiva. É feita por um par de olhos, atrás desse par de olhos está um cérebro, depois os sentimentos de alguém e experiências”.

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